Imprensa e propagandas políticas de Vargas

O DIP – Departamento de Imprensa e Propaganda – foi criado através de um decreto presidencial, em 1939. Ele tinha como meta disseminar os ideais do Estado Novo, governado por Getúlio Vargas, junto à população. Na verdade ele sucedeu um órgão que já existia, o Departamento de Propaganda e Difusão Cultural – o DPDC -, de 1934, que por sua vez já havia ocupado o lugar do antigo Departamento Oficial de Propaganda – o DOP -, que remontava ao ano de 1931.

 

O DIP era liderado pelo jornalista Lourival Flores e seu campo de ação era bem mais vasto do que o de seu antecessor, assim como seu potencial de mergulho na essência da vida social. Sua capacidade de centralizar as ações, informações, as ingerências no âmago da sociedade e o poder de censurar a vida cultural brasileira daquele período lhe dotaram de uma autoridade sem igual.

Este órgão era estruturado na forma de departamentos de divulgação, radiodifusão, teatro, cinema, turismo e imprensa. Sua tarefa era ordenar, guiar e centralizar a publicidade local e exterior, censurar as esferas teatrais, cinematográficas, esportivas e recreativas, produzir eventos patrióticos, exposições, concertos, palestras e gerir o sistema de radiodifusão oficial do setor governamental. Diversos estados tinham ramificações ligadas ao DIP, conhecidas como ‘Deips’. Esta modalidade de organização permitia ao governo deter o monopólio da informação e o total controle da cultura nacional.

Quanto à mídia, a padronização do que seria divulgado era assegurada pela Agência Nacional. Para quebrar a estrutura das empresas privadas, o DIP espalhava as notícias sem nada cobrar da imprensa. Além disso, a Agência Nacional tinha a seu serviço uma vasta gama de profissionais bem qualificados e assim podia monopolizar sem nenhum esforço a difusão das notícias.

O DIP era essencial para Getúlio Vargas que, ao chegar no poder sem nenhum suporte partidário, precisava fortalecer sua imagem junto à massa. Portanto, o estadista precisava ter sob seu domínio um órgão que administrasse a publicidade oficial em torno de si. O principal investimento deste esforço foi na direção dos trabalhadores, daí as medidas mais importantes de Vargas terem sido focadas no campo da Legislação Trabalhista, com a conseqüente estruturação do mercado de trabalho – entre as inovações nesta esfera, talvez uma das mais importantes tenha sido a instituição das 44 horas semanais. Assim, entre outras funções, cabia também ao DIP aproximar o Presidente de seu povo.

Na área radiofônica, o DIP criou o programa oficial ‘Hora do Brasil’, ouvido em todas as partes do Brasil. Saiu de suas mãos também a elaboração do ‘Cinejornal Brasileiro’, uma série de documentários no formato de curtas-metragens, compulsoriamente divulgados antes do início dos filmes nos cinemas.

Por sua extrema importância no Governo Getúlio Vargas, o DIP assumiu uma feição de ‘superministério’, uma base de sustentação do poder presidencial. A forma como ele difundiu a imagem deste governante, criando inclusive cartilhas de teor patriótico, que retratavam para os estudantes a figura de Vargas como o salvador da pátria, com certeza moldaram em torno deste órgão uma aura de super poder.

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